Luxação do Ombro

Luxação do Ombro

 

Você sabia que o ombro é a articulação do corpo com maior arco de movimento?

O ombro é composto por três ossos principais: escápula, úmero e clavícula. Uma parte da escápula, chamada de glenóide, compõe a região da articulação com presença de cartilagem e em contato direto com a cabeça do úmero. O contato entre a glenóide e o úmero pode ser exemplificado como se uma bola estivesse sendo mantida em contato com um prato raso na posição vertical, o que favorece para que grandes amplitudes de movimento aconteçam.

Porém, sua fisiologia a deixa suscetível à instabilidade, tornando-a a articulação do corpo com maior índice de luxação.

Mas, o que é uma luxação?

A luxação ocorre quando há perda do contato dos ossos que compõe uma articulação, nesse caso perda do contato entre a cabeça do Úmero e a fossa glenoidal da escápula.

A estabilidade de uma articulação envolve o trabalho de diferentes estruturas, capazes de permitir que, em repouso e principalmente em movimento, a articulação se mantenha congruente, ou seja, centralizada. Além disso, divide-se esse sistema em dois: estabilizadores passivos e ativos.

Os responsáveis pela estabilização passiva do Ombro são: o Lábio da Glenóide, a cápsula articular, os ligamentos glenoumerais e a pressão negativa. Já a estabilização ativa (ou dinâmica) é feita pelos músculos do manguito rotador.

Quando há falha desses componentes ou a articulação é exposta a um trauma de grande força, perde-se a sua congruência, tendo como resultado a luxação.

Em relação à classificação, dividimos de acordo com:

A etiologia (causa da luxação):

A luxação de Ombro pode ser dividida em traumática e atraumática, de acordo com o mecanismo envolvido na lesão.

A Luxação traumática acontece por um trauma de grande magnitude na região que não é capaz de ser contido pelos estabilizadores.

As causas mais comuns de luxação traumática são: trauma direto com braço em abdução e rotação externa em 90 graus, choque elétrico, convulsões e acidentes automobilísticos.

Já a luxação atraumática ocorre sem causa aparente, podendo ser decorrente de uma frouxidão ligamentar generalizada, que compromete a estabilidade articular ou por falha dos mecanismos contentores após um episódio de luxação traumática.

A luxação atraumática pode ser ainda voluntária (quando o paciente consegue deslocar o ombro de maneira consciente) ou involuntária (ocorre ao realizar movimentos mais bruscos e até mesmo ao se virar na cama ou espirrar).

 

– Frequência:

De acordo com o número de episódios que ocorreram. É comum em pacientes com frouxidão ligamentar, que muitos não saibam contabilizar quantas vezes já sofreram uma luxação ou subluxação.

A partir do segundo episódio já é classificada como luxação recidivante.

– Tempo:

  • Aguda – Quando acabou de acontecer.
  • Crônica / Inveterada – Quando não identificada a partir das 24 horas iniciais e não reduzida.

– Direção:

  • Anterior: a cabeça do Úmero se desloca para frente.
  • Posterior: a cabeça do úmero se desloca para trás.
  • Inferior: a cabeça do úmero se desloca para baixo.
  • Multidirecional: a cabeça do Úmero se desloca para mais de uma direção, em momentos diferentes. Comum nos pacientes com frouxidão ligamentar.

Por causa da anatomia do Ombro, a luxação anterior é a mais comum, a que ocorre quando a cabeça do Úmero se desloca para frente. A luxação posterior é mais rara, encontrada em aproximadamente 10% dos casos e a instabilidade multidirecional é queixa comum dos pacientes com frouxidão ligamentar ou perda dos mecanismos passivos de estabilização, antes do tratamento.

As principais lesões associadas à luxação anterior são:

  • Bankart – Avulsão da porção ântero-inferior do lábio da Glenóide
  • Hill-Sachs – Fratura por compressão da porção posterolateral da cabeça Úmero. Valores entre 20% a 40% de perda óssea favorecem a instabilidade e consequentemente recidiva da luxação e pode ter indicação cirúrgica.
  • Bankart Ósseo – Fratura da borda anteroinferior da Glenóide. Perdas maiores que 20% possuem indicação cirúrgica.

Principais complicações da Luxação do Ombro

As complicações variam de acordo com a gravidade do trauma, a idade em que ocorreu a primeira lesão, o número de episódios, o tempo em que o ombro permaneceu luxado e se houve ou não lesão de tecidos moles ou óssea.

  • Luxação recidivante: novos deslocamentos podem ocorrer com maior facilidade.
  • Lesões ósseas – Bankart Ósseo e Hill- Sachs.
  • Lesão dos tendões do manguito rotador.
  • Lesões neurológicas: lesões do nervo axilar ou do nervo musculocutâneo podem aparecer, o que vai causar fraqueza e diminuição da sensibilidade de alguns músculos do paciente.

Tratamento

A luxação pode ou não ser cirúrgica, o que depende da quantidade de episódios de luxação, mecanismo do trauma e lesões associadas.

A primeira coisa a ser feita é a redução, ou seja, recolocação do Ombro no lugar. Isso deve ser feito por um médico e apenas após avaliação clínica e radiográfica. Após a redução, uma nova radiografia deve ser realizada para se certificar de que o procedimento foi realizado de maneira correta. O paciente deve utilizar tipoia. O uso de tipoia irá variar de acordo com a idade, a gravidade da luxação e as atividades do paciente.

 

Tratamento não operatório ou conservador para luxação do ombro – Fisioterapia

Pacientes que apresentam grande frouxidão ligamentar, sem lesão do lábio ou ligamentos, o tratamento conservador através da fisioterapia é o mais indicado. Em pacientes de menor demanda, mais velhos ou em casos de menor gravidade, também respondem bem a reabilitação.

Porém, tanto em caso de tratamento conservador como em caso de abordagem cirúrgica é necessário o acompanhamento do fisioterapeuta para diminuir a dor, reestabelecer o movimento e principalmente fortalecer a musculatura e garantir a estabilidade ativa da articulação, evitando episódios futuros de luxação e também garantir o restabelecimento total e retorno às atividades diárias e esportivas tanto nos casos de tratamento conservador quanto cirúrgicos.

Referências Bibliográficas:

http://rbo.org.br/detalhes/1/pt-BR/luxacao-inveterada-do-ombro#:~:text=O%20melhor%20tratamento%20para%20a,prolongado%20de%20%22capsulite%20adesiva%22.

https://www.jospt.org/doi/10.2519/jospt.2016.0413

https://www.jospt.org/doi/10.2519/jospt.2009.0411

 

 

 

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