Como acupuntura auxilia o tratamento da dor?

Dor é definida como “uma experiência emocional e sensorial desagradável, associada a lesões reais ou potenciais e descrita em termos de tais lesões”. Perante isso, fármacos são administrados com objetivo de controlar a dor, como opióides, anti-inflamatórios não esteroidais. Entretanto, apesar dos avanços da Medicina, protocolos para o controle da dor ainda requerem estudos, especialmente em pacientes pediátricos, geriátricos, oncológicos e diabéticos, nos quais os fármacos utilizados podem promover sedação, depressão respiratória e distúrbios gastrointestinais. Dessa forma, métodos complementares, como a acupuntura, estão sendo cada vez mais utilizados para o tratamento da dor.

A acupuntura é uma técnica cientificamente comprovada, com bases fisiológicas e orgânicas, atua como um analgésico, as agulhas são inseridas em pontos específicos do corpo, e nesses locais se concentram diversas terminações nervosas que mandam mensagens para os sistema nervoso central.

O acuponto é definido como um ponto da pele de sensibilidade espontânea ao estímulo e à resistência elétrica reduzida. Possui um diâmetro de 0,1 a 5cm, entretanto é uma área de condutividade elétrica amplamente aumentada comparada às áreas da pele ao redor. Estes estão localizados próximos a articulações e bainhas tendíneas, vasos, nervos e septos intramusculares, na ligação músculotendínea, nos locais de maior diâmetro do músculo e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da pele. Quando um ponto de acupuntura é puncionado, ocorre sensação de parestesia elétrica ou calor. Essa sensação é denominada como De Qi, ou seja, é o termo que designa as reações que ocorrem quando da inserção da agulha de acupuntura e indica que o Qi foi estimulado.

Cada vez que agulhamos esses pontos, estimulamos as terminações nervosas, que geram uma mensagem até o sistema nervoso central, cérebro e medula. Quando eles recebem essa mensagem, eles liberam neurotransmissores, e agem no nosso corpo como analgésicos e anti-inflamatórios, produzimos substâncias que aliviam a nossa dor, de forma natural e fisiológica.

O efeito analgésico deve-se a 5 mecanismos:

1) Efeito local com relaxamento muscular (ponto gatilho e contraturas) e aumento da perfusão sanguínea;

2) É relacionado a inibição dos impulsos dolorosos (na medula espinhal) provenientes da área de dor e inflamação; a agulha estimula fibras A-delta do nervo periférico, as quais a nível medular bloqueiam a entrada da informação dolorosa das fibras tipo C (fibras da dor);

3) Quando a informação do agulhamento chega ao sistema nervoso central (via ascendente), desencadeando várias reações, com ativação sistema descendente (supressor da dor) resultando na liberação de serotonina, noradrenalina, endorfinas ao nível de toda medula espinhal;

4)A resposta analgésica e antiinflamatória ocorre após a liberação do ACTH na hipófise e do cortisol (supra renal), o qual atuará nos tecidos inflamados suprimindo a liberação de citocinas inflamatórias (TNF e IL- 1β) pelos macrófagos.

5) O efeito antiinflamatório mas de cunho imunológico (na verdade neuroimune) desencadeado pela ativação do nervo vago, o qual pela liberação de acetilcolina inibe a síntese de citocinas inflamatórias (TNF e IL-1β) nos tecidos.

A acupuntura mostra-se como uma alternativa de terapia adjuvante ao controle da dor, já que possui mínimos efeitos adversos e contraindicação.

– Referencias Bibliográfica:

  • Baldry PE. Acupuncture, trigger points and musculoeskeletal pain. Elsevier (London) 3rd Ed, 2005.Yun-tao Ma, Mila Ma, Zang Hee Cho.

 

  • The Neural basis of acupuncture: central mechanism. In: Biomedical acupuncture for pain management: an integrative approach. Elsevier, Churchill Livingstone. St. Louis, USA (2005) pp 37-51

 

 

A Acupuntura como aliada no tratamento da ansiedade e estresse

A acupuntura visa prevenir e tratar doenças através do equilíbrio das energias circulantes no corpo, pois segundo esta filosofia um organismo com energia equilibrada não adoece.

Atualmente, dentre os diversos problemas de saúde, a ansiedade e o estresse vem causando diversos transtornos a saúde dos indivíduos diminuindo a qualidade de vida. O estresse, para a medicina ocidental, é denominado como um conjunto de várias reações desenvolvidas pelo organismo quando o mesmo é submetido a situações que exigem esforço e adaptações. O estresse e a ansiedade acabam mexendo com o equilíbrio do organismo. Denomina-se estresse um estado de tensão que é proveniente de uma ruptura no equilíbrio interno do organismo.

Para a Medicina tradicional chinesa (MTC) a ansiedade e o estresse são entendidos como uma desarmonia da mente, podendo ser por uma situação de excesso, insuficiência ou estagnação do “Qi” ou até mesmo de “Xue” (sangue) no coração ou em outro órgão que pode afeta-lo. Segundo a filosofia oriental, o coração abriga a mente, consequentemente os distúrbios relacionados à mente são resultantes de uma desarmonia ou desequilíbrio do coração como é o caso da ansiedade e do estresse.

A sintomatologia de um indivíduo que apresenta ansiedade e estresse é caracterizado com insônia, dores de cabeça, cansaço, irritabilidade, desanimo, falta de concentração. Além disso, podem ainda, dependendo do nível de ansiedade e estresse, apresentar hipertensão arterial, má circulação, prisão de ventre, alterações no sangue, dores musculares e problemas de pele.

Os níveis de estresse e ansiedade podem ser verificados por meio de dosagem de cortisol. Uma de suas principais funções é a elevação do seu nível na corrente sanguínea diante de uma situação de estresse. Sua liberação por meio das glândulas suprarrenais destaca-se como um fator de suma importância na resistência do organismo frente a agressões sejam elas físicas ou psíquicas. À liberação excessiva de cortisol, acaba desencadeando situações de perda de controle, ansiedade e principalmente o estresse.

De acordo com a OMS aproximadamente 33% da população mundial sofre com transtornos de ansiedade. Geralmente a população acaba optando pelos tratamentos convencionais, como é o caso dos medicamentos ansiolíticos, entretanto, estes podem acarretar problemas como dependência medicamentosa. Sabe-se que a acupuntura vem se destacando como forma de tratamento complementar para diversas patologias segundo a OMS.

A estimulação de determinados pontos através da acupuntura pode interagir em áreas do cérebro que são conhecidas por reduzir a sensibilidade à dor e tensão através da liberação de substâncias chamadas endorfina e serotonina, bem como promover o relaxamento e a desativação da função analítica do cérebro, que é responsável pela ansiedade.

Fatores externos e internos podem interferir ao longo do tratamento do indivíduo, pois a acupuntura está relacionada a condições externas como ambiente e clima e internas como alimentação e estado emocional. Vale ressaltar que o tratamento de acupuntura não proporciona curas imediatas, mas sim uma melhora gradual no quadro da doença, podendo sofrer as influências citadas anteriormente.

 

Referências Bibliográficas:
  1. Chonghuo. Tratado de Medicina Chinesa. Roca, São Paulo, SP, 2011.
  2. Campiglia. Psique e Medicina Tradicional Chinesa. Roca, São Paulo, SP, 2004.