5 Exercícios para condromalácia

5 Exercícios para condromalácia

Fortalecimento muscular para pessoas com condromalácia patelar:

Geralmente o tratamento para condromalácia é conservador e não reverterá o quadro de lesão, mas ocorrerão melhoras na função do joelho e diminuição da dor. O joelho tem a função de absorver e direcionar força ao membro inferior e, por isso, o tratamento precisa ser funcional. Primeiramente são realizados programas de fisioterapia convencional (crioterapia, etc.), eficientes na fase de edema e muita dor. O passo seguinte é a melhora da função do joelho, que pode ser alcançada através de exercícios da fisioterapia e, logo depois, o fortalecimento muscular. O grande problema é a dificuldade que as pessoas têm em manter a atividade física ao longo da vida, podendo, então, voltar a apresentar os sintomas.

Um dos objetivos para melhorar os sintomas de dor é a diminuição da força de contato entre a patela e o fêmur, que varia entre os exercícios de cadeia cinética aberta e fechada. Torna-se, assim, necessário o conhecimento desta variação para o tratamento ser eficiente. A cadeia cinética aberta é caracterizada por exercícios com objetivo de trabalhar um determinado músculo com o segmento distal livre. O exercício de cadeia cinética fechada existe quando o segmento distal está fixo, como levantar de uma cadeira, subir e descer escadas que, por sua vez, torna-se mais funcional para as pessoas.

Quando nós vamos fazer a prescrição de exercícios é muito importante ter em mente a qualidade da execução do movimento e não só o ângulo de reação articular, temos de observar como aquele paciente está fazendo a contração.

A prescrição de exercícios é muito individualizada e não da para fazer um vídeo ou uma cartilha que a gente garanta que a pessoa vá conseguir fazer aquele exercício e retornar para o esporte.

A prescrição de exercícios vai envolver vários fatores:

– Biotipo

– Idade

– De acordo com o grau de inibição muscular, quanto maior o grau de inibição iniciamos com exercícios excêntricos e depois para exercícios concêntricos e depois entra com os exercícios avançados,

-Distúrbio biomecânico:

Valgo dinâmico ocorre uma dessincronização da musculatura do quadril e do quadríceps, o joelho é jogado para dentro o fêmur roda para dentro e a patela faz um atrito excessivo, levando a uma hiperpressão na cartilagem.

Angulação de proteção:

É possível realizar o fortalecimento muscular sem agressão articular no joelho, pois existem ângulos que trabalham a articulação sem gerar mais lesão.

Cadeia Cinética Aberta:

Ocorre mais pressão com o joelho esticado, quanto maior a extensão do joelho, maior o vetor de reação articular  na cadeira extensora ,de 90º a 45º nós conseguimos fortalecer sem fazer hiperpressão, quanto maior a extensão maior o vetor de  reação articular, maior o risco de ter lesão cartilaginosa.

Cadeia Cinética Fechada:

Ocorre mais pressão com o joelho flexionado, principalmente se tiver uma distancia muito grande do centro de gravidade, maior o atrito da cartilagem contra o fêmur. Quanto maior o ângulo de flexão do joelho ,maior a reação do vetor articular.

Nesse tipo de exercício ocorre co-contração dos ísquios tibiais. A partir do ângulo de 60 graus, a co-contração faz com que a tíbia se movimente posteriormente e rode para a parte lateral, aumentando a pressão na patela. Os exercícios de cadeia cinética fechada, para quem tem este tipo de lesão, devem ser feitos até próximo de 45º graus, para evitar as alterações citadas.

Exercícios

 

  • Cadeira Extensora:

Sentado com toda a parte do fêmur apoiada, a resistência está na parte distal da tíbia e não no dorso do pé, ativando o tibial anterior. O movimento não deve gerar dor nos joelhos, iniciar com uma amplitude menor dos joelhos.

 

  • Ponte

Alinhar os joelhos com os pés, para fortalecimento dos músculos extensores do quadril e da coluna e Core.

  • Concha:

Fortalece o glúteo médio e os rotadores laterais (3×15) 3 séries é um número que promove um bom catabolismo muscular, ocorrendo ganho muscular.

 

  • Agachamento:

Pés alinhados com os ombros, as curvaturas fisiológicas devem ser preservadas durante o movimento, o joelho não avança a linha do pé, a maior parte da pressão está sobre os calcanhares, se perder a curvatura lombar ocorrera retro ou anteversão da pelve , para que a coluna não seja agredida, a coluna recebe maior carga ela tem maior poder para suportar essa carga no eixo axial quando ela esta com as curvas preservadas. O agachamento é um dos exercícios em cadeia cinética fechada mais indicado por ser seguro e efetivo através de uma co-contração dos músculos quadríceps e ísquiotibiais, dando maior estabilidade ao joelho.

  • Elevação da perna reta lateral:

Fortalecimento muscular do glúteo médio, que auxilia na correção do valgo dinâmico.

 

Lembrando sempre que o importante é respeitar o que o indivíduo sente e seus limites físicos, sobretudo em relação à dor. Nunca forçar o movimento se houver dor e progredir a graduação dos exercícios baseando-se na exposição gradativa para fortalecimento muscular e otimização do controle motor dentro da fisioterapia.

É fundamental a comunicação do médico, fisioterapeuta e educador físico.

Não reproduza estes exercícios sozinhos, só irá realizar esses exercícios após uma avaliação médica, fisioterapêutica e após a alta com o acompanhamento do educador fisico.

Não existe o exercício certo ou errado, existe o adequado.

Referencias Bibligráficas:

  • Knee biomechanics of the dynamic squat exercise RAFAEL F. ESCAMILL ,Michael W. Krzyzewski Human Performance Laboratory, Division of Orthopaedic Surgery, Duke University Medical Center, Durham, NC 27710;
  • The Influence of Abnormal Hip Mechanics on Knee Injury: A Biomechanical Perspective ChRISTOPhER M. POWERS, PT, PhD1 february 2010 | volume 40 | number 2 | journal of orthopaedic & sports physical therapy.

Se inscreva no nosso canal do Youtube:

” High Perfomance Fisio & Pilates “

“5 exercicios para condromalácia”

5 Mitos sobre Condromalácia

A condromalácia é caracterizada por um amolecimento da cartilagem que reveste a patela e que ocorre em decorrência do aumento da pressão de contato entre a patela e a tróclea (parte do fêmur), que é um sulco sobre o qual ela fica apoiada.

É também uma das principais causas de dor no joelho, sendo sinais e sintomas comuns: a dor anterior no joelho e o sinal de cinema (dor e sensação de pressão após ficar muitas horas sentado com o joelho dobrado).

Pode acometer sedentários ou atletas profissionais e é classificada em 4 graus:

  • Grau I: Edema e amolecimento da cartilagem;
  • Grau II: Lesão superficial, envolvendo menos de 50% da espessura da cartilagem;
  • Grau III: Lesão profunda, com mais de 50% da espessura da cartilagem;
  • Grau IV: Lesão de espessura total, com exposição do osso sub condral.

Muitos são os mitos que rondam a Condromalácia e acabam por interferir negativamente na vida dos pacientes com essa condição. Pensando nisso, alguns dos principais mitos que ouvimos sobre a Condromalácia:

Mito 1– Quem tem Condromalácia não pode fazer esporte

A atividade física e/ou esportiva faz parte dos pilares para uma vida saudável. Mesmo níveis competitivos, o diagnóstico de Condromalácia não proíbe a prática de nenhum esporte. Porém, deve sempre ser realizado um acompanhamento do grau de desgaste articular, sintoma do paciente e tratamento visando a prevenção do aumento da degeneração dessa cartilagem.

Além disso, a atividade física auxilia no controle do peso, fator importante ara controle dessa condição.

Mito 2 – Quem tem Condromalácia não pode fazer musculação

O fortalecimento muscular fator que não pode faltar no tratamento da Condromalácia. É através de uma musculatura forte e de exercícios específicos que o paciente terá alívio da dor e dos sintomas e que a cartilagem irá receber uma carga menor durante as atividades, uma vez que, uma musculatura forte auxilia na absorção de impactos e diminui a sobrecarga articular. Além disso, o fortalecimento adequado contribui para a correção de gestos e posições biomecânicas que podem influenciar no avanço da Condromalácia, como no caso do valgo dinâmico do joelho.

Mito 3 – Quem tem Condromalácia não pode fazer agachamento

O agachamento é um exercício essencial para o tratamento das lesões de joelho. Esse exercício é importante para funções como: sentar e levantar, subir e descer escadas e rampas, controle de saltos e amortecimento. Além disso, a força e ativação das fibras do músculo quadríceps ficam comprometidas em pacientes com dor articular, devido sua inibição por dor.

Porém, deve-se ter muita atenção com esse exercício que, se executado de maneia incorreta, pode sim piorar os sintomas e contribuir para um avanço da doença.

Inicialmente é muito comum que se realize em ângulos chamados de proteção, que são ângulos menores e que resultam em menos pressão na cartilagem. Além disso, um bom alinhamento do joelho é importante durante sua execução, além da ausência de dor durante e imediatamente após o exercício.

Mito 4 – Tomar colágeno e condroitina auxiliam na regeneração da cartilagem

Nenhum estudo científico de grande peso foi capaz, até o momento, de indicar o uso de suplementação oral como medida de prevenção ou como forma de auxiliar no processo de regeneração da cartilagem. Além disso, no Brasil, essas substâncias são de alto custo.

Mito 5 – Quem tem não pode fazer atividades de impacto

Muitos estudos comprovaram que atividades de impacto articular podem ser benéficas para a cartilagem e, até mesmo prevenir a sua degeneração. Portanto atividades como corrida e ballet clássico, muitas vezes ditas como proibidas para os pacientes com Condromalácia, podem ser praticadas de maneira segura e sem medo.

Considerações:

O mais importante para o paciente com Condromalácia é ter autonomia e entender o que está acontecendo com o seu corpo. Prestar atenção quando alguma atividade piorar o sintoma e sempre ter profissionais especialistas e de confiança para tirar dúvidas e realizar um acompanhamento.

Junto com isso, o fortalecimento muscular bem orientado é de extrema importância para a boa qualidade de vida desses pacientes, permitindo a realização de suas atividades de vida diária e esportivas sem nenhuma queixa, além de preservar a saúde da cartilagem por mais tempo.

Assista também ao nosso vídeo sobre o tema:

Referências:

https://pebmed.com.br/condromalacia-como-identificar-e-tratar-esta-condicao/

https://www.jospt.org/doi/10.2519/jospt.2019.0503

Prevenção de lesão dos músculos Isquiotibiais – Exercício Nórdico reduz em até 51% da incidência dessa lesão

A lesão muscular é muito comum entre os praticantes de esporte. Uma das regiões mais acometidas é a parte posterior da coxa, onde estão localizados os músculos Isquiotibiais.

Anatomia

O grupo muscular denominado Isquiotibiais (ou posteriores da coxa) é formado pela junção de três músculos: semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral (cabeça longa). Recebem este nome por originarem-se no ísquio e terem como inserção distal os ossos da perna.

Esses músculos são considerados bi articulares, ou seja, são responsáveis por movimentos em duas articulações. Nesse caso, devido a sua anatomia, realizam a extensão do quadril e a flexão do joelho.

Incidência e Frequência

É a lesão mais frequente relatada no futebol, com um índice de 37% das lesões musculares que acontecem nesse esporte. Mas, além do futebol, também ocorrem com frequência em esportes como o futebol americano, futebol australiano, atletismo e esqui aquático.

O mecanismo de lesão mais comum é o trauma indireto, onde as lesões ocorrem durante as atividades sem contato, geralmente durante a corrida e/ou mudanças de direção. A junção miotendínea é a parte mais vulnerável no conjunto formado pelo músculo, tendão e osso e quanto mais proximal a lesão, maior o tempo até o retorno ao esporte.

De todas as lesões musculares, as dos Isquiotibiais têm uma das mais altas taxas de recidiva, com valores entre 12-33%, sendo sua recorrência a complicação mais comum.

Alguns autores propuseram dois tipos de lesões agudas: o primeiro ocorreria durante a corrida de alta velocidade (sprint) e evolve

Alguns autores propuseram dois tipos de lesões agudas: o primeiro ocorreria durante a corrida de alta velocidade (sprint) e evolve a CLBF. O segundo tipo estaria correlacionado com o alongamento excessivo da musculatura, como em movimentos de chute no futebol, sendo mais frequentemente no músculo semimembranáceo (SM).

No mecanismo de trauma indireto, o período da contração excêntrica máxima parece ser o de maior risco para a lesão muscular. A contração excêntrica é definida como a ação muscular em que as fibras são alongadas, em decorrência de uma força externa, e contraem-se ao mesmo tempo para desacelerar o movimento.

Fatores de Risco

Dentre os fatores de riscos, as características próprias dos músculos desempenham um importante papel. O desequilíbrio muscular, comparando os dois lados do corpo e a relação entre Isquiotibiais e Quadríceps é um dor fatores encontrados.

O gesto do atleta também é um fator predisponente de lesão. A inclinação anterior da pelve, durante a aceleração na corrida, aumenta a tensão sobre a musculatura. O encurtamento do iliopsoas e o desequilíbrio da musculatura abdominal e lombar também podem promover uma anteversão da pelve, e colocar o grupo muscular em desvantagem mecânica por aumentar a tensão muscular no fim da fase de balanço da marcha.

As lesões são mais comuns nas competições do que nos treinamentos e atletas que devido a suas posições desempenham corridas, também sofrem um maior risco. No futebol, as lesões no lado dominante têm maior gravidade, pois estão correlacionadas com o movimento do chute.

A lesão prévia é o fator de risco mais correlacionado com novas lesões. A recidiva da lesão, após o retorno ao esporte, permanece como a principal complicação dessa patologia. Taxas de relesões são relatadas entre 14-63% em até dois anos após a primeira lesão.

Sinais e Sintomas

A gravidade dos sintomas irá se apresentar de acordo com as características da lesão, que podem variar desde um estiramento das fibras musculares a uma avulsão dos tendões. Entretanto, independentemente do grau da lesão, as lesões são muito mais comuns proximalmente do que distalmente, sendo a cabeça longa do bíceps femoral o músculo (CLBF) mais frequentemente lesado.

O paciente pode apresentar: dor local, hematoma, perda de função, dor para contrair a musculatura acometida e, em lesões mais graves, pode ser possível palpar o GAP (espaço entre as fibras lesionadas).

Prevenção

Visto a alta taxa de incidência e recorrência da lesão e o tempo de afastamento da prática esportiva, a prevenção de uma lesão primária ou da recidiva da lesão é fator fundamental para atletas que pratiquem modalidades esportivas relacionadas ao mecanismo de lesão. Um programa de prevenção irá variar de acordo com o gesto esportivo e, geralmente inclui um protocolo de exercícios.

Vários autores já mencionaram o exercício Nórdico como parte integrante do programa preventivo de jogadores de futebol. Em 2019, Van Dyk e colaboradores realizaram um estudo de revisão, que incluiu várias modalidades esportivas, atletas de ambos os sexos e mais de 8.000,00 atletas.

O resultado mostrou que, a inclusão do exercício nórdico, reduziu em até 51% a incidência da lesão muscular de posteriores da coxa nesses atletas.

O exercício nórdico trabalha a fase excêntrica da contração desse grupo muscular, fase onde a musculatura está mais suscetível, como mencionado anteriormente.

Sabendo disso, a inclusão desse exercício no programa de treinamento deve ser feito por parte da equipe de treinamento. Além disso, para programas de reabilitação dessas lesões, o exercício nórdico também deve ser incluído na fase final de tratamento e mantido após a alta, de maneira a diminuir os riscos de recorrência da lesão.

Referências:

https://highperformancefisio.com.br/lesao-muscular/

https://bjsm.bmj.com/content/53/21/1362

http://rbo.org.br/detalhes/131/pt-BR/lesoes-dos-isquiotibiais–artigo-de-atualizacao

https://barcainnovationhub.com/the-nordic-curl-helps-reduce-ischiosural-muscles-injuries/

Lesão muscular

As lesões musculares são a causa mais frequente de incapacidade física na prática esportiva. Estima-se que 30 a 50% de todas as lesões associadas ao esporte são causadas por lesões de tecidos moles.

A contusão muscular (figura 1) ocorre quando um músculo é submetido à uma força súbita  de compressão como um golpe direto, por exemplo. Já nos estiramentos, o músculo é submetido a uma tração excessiva levando à sobrecarga das miofibras e, conseqüentemente, a sua ruptura perto da junção miotendínea.

Classificação

A atual classificação das lesões musculares separa as lesões entre leve, moderada e grave a partir dos aspectos clínicos revelados.

Estiramentos e contusões leves (grau I):

  • Representam uma lesão de apenas algumas fibras musculares com pequeno edema e desconforto;
  • Nenhuma ou mínima perda de força e restrição de movimentos;
  • Não é possível palpar-se qualquer defeito muscular durante a contração muscular;
  • Apesar de a dor não causar incapacidade funcional significativa, a manutenção do atleta em atividade não é recomendada devido ao grande risco de aumentar a extensão da lesão;

Estiramentos e contusões moderadas (grau II):

  • Provocam um dano maior ao músculo com evidente perda de função (habilidade para contrair);
  • É possível palpar-se um pequeno defeito muscular, ou gap, no local da lesão;
  • Ocorre a formação de um discreto hematoma local com eventual ecmose dentro de dois a três dias;
  • A evolução para a cicatrização costuma durar de duas a três semanas e, ao redor de um mês, o paciente pode retornar à atividade física de forma lenta e cuidadosa.

Estiramento ou contusão grave (grau III):

  • Uma lesão estendendo-se por toda a sessão transversa do músculo e resultando em virtualmente completa perda de função muscular e dor intensa;
  • A falha na estrutura muscular é evidente;
  • Equimose costuma ser extensa, situando-se muitas vezes distante ao local da ruptura;
  • O tempo de cicatrização desta lesão varia de quatro a seis semanas.
  • Este tipo de lesão necessita de reabilitação intensa e por períodos longos de até três a quatro meses;
  • O paciente pode permanecer com algum grau de dor por meses após a ocorrência e tratamento da lesão.

Tratamento fisioterapêutico

A mobilização precoce induz a um aumento da vascularização local na área da lesão, melhor regeneração das fibras musculares e melhor paralelismo entre a orientação das miofibrilas regeneradas em comparação à restrição do movimento. Contudo, re-rupturas no local original do trauma são comuns se a mobilização ativa iniciar-se imediatamente após a lesão.

Um curto período de imobilização com enfaixamento adesivo firme ou similar é recomendado. Este período de repouso permite que o tecido cicatricial conecte novamente à falha muscular.

O paciente deve utilizar um par de muletas para as lesões musculares mais graves dos membros inferiores, principalmente nos três a sete dias iniciais.

Fase aguda

O tratamento imediato para a lesão do músculo esquelético ou qualquer tecido de partes moles é conhecido como princípio PRICE (Proteção, Repouso, Gelo ou Ice, Compressão e Elevação), visto que as cinco medidas clamam por minimizar o sangramento do sítio da lesão.

Colocando-se o membro lesionado em repouso logo após o trauma, previne-se uma retração muscular tardia ou formação de um gap muscular maior por se reduzir o tamanho do hematoma e, subsequentemente, o tamanho do tecido conectivo cicatricial. Com relação ao uso do gelo, mostrou-se que o uso precoce de crioterapia está associado a um hematoma significativamente menor no gap das fibras musculares rompidas, menor inflamação e regeneração acelerada.

É recomendada a combinação do uso de gelo e compressão por turnos de 15 a 20 minutos, repetidos entre intervalos de 30 a 60 minutos, visto que este tipo de protocolo resulta em 3º a 7ºC de decaimento da temperatura intramuscular e a 50% de redução do fluxo sanguíneo intramuscular.

Finalmente, a elevação do membro acima do nível do coração resulta na diminuição da pressão hidrostática, reduzindo o acúmulo de líquido no espaço intersticial.

 

Tratamento pós-fase aguda

Fortalecimento isométrico:

  • Contração muscular em que o comprimento do músculo se mantém constante e a tensão muda;
  • Pode ser iniciado sem o uso de pesos e posteriormente com o acréscimo deles;
  • Especial atenção deve ser tomada para garantir que todos os exercícios isométricos sejam realizados sem dor.

Fortalecimento isotônico:

  • Contração muscular em que o tamanho do músculo muda e a tensão se mantém;
  • Pode ser iniciado quando o treino isométrico for realizado sem dor com cargas resistidas.

O exercício isocinético:

  • Com carga mínima pode ser iniciado uma vez que os dois exercícios anteriores sejam realizados sem dor.

A aplicação local de calor ou “terapia de contraste” (quente e frio):

  • Acompanhado de cuidadoso alongamento passivo e ativo do músculo afetado. Ressalta-se que qualquer atividade de reabilitação deve ser iniciada com o aquecimento adequado do músculo lesionado.
  • Outra razão para o alongamento é distender o tecido cicatricial maduro durante a fase em que ele ainda é plástico. Alongamentos da cicatriz sem dor podem ser adquiridos por estiramentos graduais, começando com turnos de 10 a 15 segundos e, então, progredindo para períodos de até um minuto.
  • Contudo, se os sintomas causados pela lesão não melhorarem entre três e cinco dias após o trauma, deve-se considerar a possibilidade da existência de um hematoma intramuscular ou um tecido lesionado extenso que necessitará de atenção especial. A punção ou aspiração do hematoma pode ser necessária.

Ultrassom

O ultrassom terapêutico é difusamente recomendado e utilizado no tratamento da lesão muscular. O fato de o ultrassom produzir micromassagens pelas ondas de alta frequência, funciona para o alívio da dor.

O retorno ao esporte

  •  O fato dos sintomas melhorarem não é, por si só, um indicativo de que o paciente está apto a retornar ao esporte;
  • Ao analisarmos a biologia da cicatrização da lesão, sabemos que o alívio dos sintomas da-se logo nas primeiras semanas e que, apesar de não se sentir nada no dia a dia, a lesão ainda encontra-se em cicatrização;
  •  Por isso, um retorno ao esporte não for bem planejado podemos ter a complicação mais temível da lesão muscular que é a recidiva. Quando ela corre, sabemos que a formação de tecido fibroso será cada vez maior, gerando perda de elasticidade aquele músculo e, consequentemente, aumentando cada vez mais o risco de uma nova lesão.

Por isso, o retorno ao esporte deve ser realizado de maneira individual e gradativa.

De forma geral os critérios de retorno ao esporte incluem:

  • Arco de movimento completo, sempre comparado ao contra lateral;
  • Força restabelecida em pelo -90% comparado ao outro membro;
  • Treinamento específico da modalidade sem dor.

Quando possível uma avaliação isocinética do membro deverá ser solicitada, pois o equilíbrio muscular, principalmente no membro dominante, está ligado a baixo índice de recidiva da lesão.

Finalmente, a transição retorno ao esporte deve ser feito por um profissional da educação física que preferencialmente esteja integrado à equipe de reabilitação. Este profissional aplicará os testes funcionais específicos do esporte que o paciente pratica e realizará a periodização do treinamento de retorno ao esporte gradual.

Referências Bibliográficas:

Se inscreva no nosso canal do Youtube:

” High Perfomance Fisio & Pilates “

“5 coisas que NÃO devemos fazer quando ocorrer uma lesão muscular”

 

 

 

 

 

Pilates é opção de prevenção para bailarinos

Pilates é opção de prevenção para bailarinos

O Pilates é uma técnica dinâmica, completa física e mentalmente, que vem melhorar a consciência corporal e a postura por meio dos trabalhos de força, alongamento, flexibilidade e equilíbrio. É um treinamento com exercícios sem impacto articular e, com isso, reduz-se o risco de lesões. A maioria dos exercícios acontece em decúbito dorsal, o que permite a recuperação, principalmente, dos tecidos da região sacrolombar. O movimento realizado consciente e indolor só é possível quando os princípios criados por Joseph são respeitados e executados com fidelidade. São eles a concentração, o controle, a fluidez, a precisão, o powerhouse e a respiração.

Nos exercícios do balé existe a necessidade do desenvolvimento de algumas habilidades físicas, tais como força, flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio, velocidade, resistência e grande amplitude articular para um bom desempenho na modalidade e execução dos exercícios.

A ativação dos músculos abdominais é de considerável importância para garantir a manutenção da estabilidade postural durante o equilíbrio. Enquanto o método Pilates utiliza exercícios que fortalecem a musculatura estabilizadora do tronco, o balé utiliza da repetição dos movimentos coreográficos, não sendo suficiente para fortalecem a musculatura específica. O fortalecimento do centro de força, chamado de powerhouse no Pilates, auxilia no recrutamento dos músculos estabilizadores do tronco, melhorando assim o controle neuromuscular necessário para um bom controle postural. Um dos objetivos do método é realizar exercícios que fortaleçam os músculos estabilizadores a coluna e do quadril, garantindo assim a estabilidade do tronco durante a execução de movimentos.

Além dos erros de treinamento, outra causa de lesões é a repetição contínua mesmo após a fadiga. Quando a prática se torna excessiva, em busca de um desempenho perfeito, acaba por gerar lesões e muitas vezes as exigências da performance vão além dos limites anatômicos.

Os exercícios executados com controle físico e mental favorecem a capacidade cognitiva e muscular exigidos durante a dança. Um alto índice de lesões típicas decorrentes do treinamento do balé já se encontra em literatura. Vide texto do blog: ( https://highperformancefisio.com.br/lesoes-no-ballet/ ).

A prática do método PILATES traz benefícios a nível cinesiológico aos bailarinos, num momento em que refina a percepção do movimento e aperfeiçoa a execução dos gestos específicos por meio do alívio de tensões musculares desnecessárias. A melhora no desempenho técnico e de capacidades expressivas também é alcançada com a prática do PILATES pelo trabalho de consciência e percepção corporal, além de maximizar o ganho de fluidez e concentração nos movimentos. O método também torna os bailarinos mais eficientes a nível fisiológico, pela grande conexão entre os princípios do PILATES e os elementos fundamentais do ballet.

O Pilates tem alcançado grande visibilidade e utilização entre a comunidade artística, principalmente da dança.

Romana Kryzanowska foi 25º bailarina do estúdio de Joseph após uma séria lesão de tornozelo durante sua aula de balé e ele garantiu que a reabilitaria, tendo em vista que, na época, não existia fisioterapia ou medicina esportiva. Após algumas sessões, o método não só a curou como trouxe maior base para sua evolução na dança. Foi escolhida pessoalmente por Joseph para dar continuidade ao seu trabalho e é hoje Master Teacher Trainer, dá aulas em Nova Iorque e ministra palestras nos Estados Unidos.

A aplicação do método Pilates sobre bailarinos já foi realizado diversas vezes e tem se mostrado muito eficiente para aperfeiçoamento destes profissionais. Estudos revelaram que as bailarinas que executam o pivot com maior eficiência conseguem manter o CP distribuído homogeneamente sobre o pé de apoio, alinhado com o centro do quadril, com um grande TR e alta velocidade nas. Este alinhamento reduz o momento de inércia do sistema, assim, é maior a probabilidade de sucesso nos giros.

Encontram-se estudos sobre postura em bailarinas, capacidade de salto em ginastas de elite, efeito sobre a velocidade em atletas, flexibilidade em atletas, resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio e postura, melhora na força muscular, aumento da resistência muscular, flexibilidade, consciência corporal, controle muscular e postural, equilíbrio, redução de dor lombar, entre muitos outros. Observou-se que todos os benefícios citados são comprovados por estudos científicos. Existem poucas contraindicações e diversos benefícios no método Pilates quando aplicado corretamente e fiel aos princípios de seu criador.

Dançarinos de todos os níveis podem se beneficiar da prática de Pilates, progredindo do nível iniciante ao avançado. A prática regular garante toda a força do corpo, músculos e muita flexibilidade para melhorar sua habilidade na dança, bem como fortalecer o núcleo interno para o controle e prevenir lesões. Bailarinos de todas as idades que praticam Pilates se sentem melhor no seu desenvolvimento na dança, além de melhorar a sua saúde em geral.

A natureza fluida da prática de Pilates promove a economia de movimento, e pode ser facilmente incorporada a um regime no treinamento dos bailarinos com um conjunto de exercícios usando mente/corpo. Bailarinos que estão se recuperando de uma lesão podem incorporar Pilates em sua reabilitação devido ao baixo impacto sobre as articulações do corpo e dos músculos. Os músculos são reforçados por meio do movimento de resistência suave, quer utilizando a resistência natural do corpo sobre o colchonete, ou com a ajuda de máquinas especialmente projetadas.

Pode-se concluir que a prática do método Pilates traz benefícios e influencia positivamente na performance de bailarinas.O Pilates é um método que supre as necessidades de bailarinos por haver aspectos similares entre as duas atividades, como a postura e a busca da perfeita execução dos exercícios propostos. Como já referido anteriormente, as repetições dos movimentos coreográficos não preparam suficientemente o bailarino e o Pilates pode ser uma opção interessante para fortalecer e garantir a melhora na performance.

 

Se inscreva no nosso canal do Youtube:

” High Perfomance Fisio & Pilates “

Segue abaixo o vídeo de alguns exercícios do pilates para prevenção de lesões em bailarinos:

 

Referencias Bibliográficas:

 

 

E-book “Guia de Orientações Posturais”

A postura é um tema de interesse de toda a população. Muito se questiona sobre a postura correta e sobre como evitar dores decorrentes da chamada “má postura”.

Mas, afinal, existe postura ideal? Existe um padrão igual para todos?

Para esclarecer essa dúvida e auxiliar as pessoas entenderem e adotarem posições mais benéficas durante suas atividades diárias e de trabalho, criamos um E-book COMPLETO sobre o tema!

Acreditamos que o acesso à informação de qualidade é um direito de todos. Sendo assim, disponibilizamos esse conteúdo de forma totalmente GRATUITA.

 

Para ter acesso ao conteúdo, basta clicar logo abaixo.

Você será direcionado para a página contendo o E-book em PDF. É só baixar no seu computador, tablet ou Smartphone e boa leitura!

Clique aqui para acessar.

OBS: Sua opinião é muito importante para nós!

Caso goste do conteúdo do E-book, deixe um comentário aqui!

Lesões no Ballet

O ballet clássico ainda é visto por muitos apenas como arte. Mas, não podemos ignorar que, a alta carga de treino dos bailarinos faz com que a modalidade tenha muitas características de prática esportiva e, até se enquadre como tal.

O ballet exige das bailarinas e bailarinos gestos e corpos específicos, que diferem muito de outras atividades. Para sua performance adequada é necessário que o bailarino possua elevado grau de flexibilidade, força muscular, estabilidade, equilíbrio e consciência corporal. E, além de toda a preparação e habilidades específicas citadas, há ainda a necessidade de manter um biótipo magro.

Tais exigências deixam o bailarino suscetível às lesões e dores, sendo as lesões traumáticas pouco comuns e, as lesões por repetição e sobrecarga, muito encontradas.

Entre as características mais marcantes, e que devem ser levadas em consideração no momento de se avaliar uma lesão em um bailarino, incluem-se:

  • Exercícios de ponta:

– Exigem que a bailarina possua força não só no pé, mas em todo o tronco, devendo ser iniciados na fase adequada e com um preparo específico.

  • Exercícios com a perna rodada para fora (En Dehors):

– O gestual do ballet se dá com a rotação externa do quadril. Porém, para que essa rotação ocorra, muitos bailarinos realizam compensações no joelho e pé. A repetição também pode resultar em adaptações na articulação do quadril.

  • Grande amplitude de movimento em todas as articulações:

– Os gestos no ballet envolvem amplitude de movimento extrema das articulações e são características marcantes da dança. Para que aconteça, o bailarino precisa de mobilidade e flexibilidade articular, associadas à estabilidade.

  • Saltos e giros:

– Exigem amortecimento, agilidade e equilíbrio, resultam em bastante impacto nas articulações e ossos do membro inferior.

  • Idade precoce com que crianças iniciam a prática:

– O mais comum é que a prática do ballet se inicie muito cedo, principalmente pelas meninas, por volta de 4 ou 5 anos de idade. Por um lado esse início precoce favorece o desenvolvimento da técnica, por outro, deixa a criança mais suscetível às adaptações corporais e lesões por sobrecarga.

  • Busca pelo corpo magro;

– A necessidade de manter um padrão físico influencia na alimentação e não são incomuns transtornos alimentares no meio do ballet. Essa alimentação inadequada pode interferir diretamente em algumas lesões, como a fratura por estresse e a tríade da mulher atleta.

Principais Lesões no Ballet 

O ballet é uma atividade que usa o corpo como um todo e, dessa forma, qualquer articulação pode ser acometida por lesões. Entre as mulheres, as lesões nos braços são pouco frequentes, porém, são fonte de preocupação nos homens, que executam muitos movimentos carregando a parceira.

As lesões no ballet estão, na maior parte dos casos, diretamente associados ao gesto específico e aos movimentos repetitivos da dança. Por isso, é importante o conhecimento e o estudo desses movimentos pelos profissionais, a fim de corrigir “vícios” e compensações, que possam interferir diretamente como fatores causais de dor e lesão.

Entre as lesões traumáticas, pouco comuns, mas, ainda encontradas, a mais frequente é a entorse de tornozelo. Verifica-se também lesões ligamentares de joelho, devido torções da articulação.

Lesões por sobrecarga

  • Lesões musculares: Contraturas ou distensões fazem parte da vida dos bailarinos. Podem ocorrer na coluna, músculos da coxa e panturrilha, principalmente.

 

  • Fratura por estresse: a associação do impacto, repetição e falha nutricional, contribui para o surgimento das canelites e fraturas por estresse na cabeça do fêmur, tíbia, ossos do pé e, eventualmente coluna.

 

  • Lesões da coluna: Comum em bailarinos mais velhos, mas podendo acometer qualquer faixa etária, pode ter causa mecânica (movimentos articulares extremos – principalmente a hiperextensão, fraqueza muscular, tensão muscular), por protrusões ou hérnias de disco, espondilólise ou espondilolistese e também disfunção da articulação sacroilíaca.

 

  • Lesões do quadril: O quadril é outra articulação muito exigida no Ballet. As lesões de quadril mais comuns são: síndrome do piriforme, tendinite glútea, ressalto do quadril, impacto fêmoro-acetabular e lesão de Labrum.

 

  • Lesões do joelho: O joelho do bailarino sofre com a sobrecarga de pliés (dobrar os joelhos) e saltos constantes e em diferentes alturas e direções. Condromalácia patelar e condropatia são comuns, principalmente nas bailarinas, seguidas de síndrome da dor patelofemoral (SDPF), lesões de menisco, tendinopatia patelar.

 

  • Lesões do tornozelo e pé: Não existe bailarino sem um bom pé. Além das entorses, são frequentes tendinopatias (de Aquiles, tibial posterior, fibulares e flexor longo do hálux), impacto anterior e posterior de tornozelo.

 

Ainda existe uma dificuldade no meio da dança quanto ao acesso às atividades preventivas. Seja por conhecimento de sua importância, tempo para frequentá-las, uma vez que bailarinos profissionais ensaiam, em média, 8 horas por dia, seja por questões financeiras, pois apenas de reconhecida e aplaudida mundialmente, o investimento nessa arte ainda é muito baixo, se comparado com outras atividades esportivas que exigem tanto esforço físico para o ballet.

Os programas de prevenção são essenciais na vida do bailarino, pois além de contribuir para uma prática com menos dores e desconfortos, diminuir a chance de lesões, pode aumentar o tempo de carreira e diminuir às consequências da prática no corpo dos bailarinos.

Referências:

https://highperformancefisio.com.br/canelite-sindrome-do-estresse-tibial-medial/

https://highperformancefisio.com.br/tendinite-do-tibial-posterior/

https://highperformancefisio.com.br/dor-no-joelho-x-dor-femoropatelar/

https://www.scielo.br/pdf/fp/v21n4/pt_1809-2950-fp-21-04-00353.pdf

https://www.efdeportes.com/efd166/incidencia-de-lesoes-em-bailarinos.htm

.

 

Principais causas de dor lombar

Dor crônica, de acordo com o MeSH (Medical Subject Headings), é uma sensação dolorosa com duração de alguns meses, podendo ser ou não associada a trauma ou doença e persistir mesmo após a lesão inicial ter cicatrizado.

Dor lombar (DL) é um dos problemas de saúde mais comuns em adultos. É definida como dor e desconforto localizados abaixo do rebordo costal e acima da linha glútea superior, com ou sem dor referida no membro inferior, sendo crônica se persistir por mais de três meses.

A DL é um problema que afeta 80% dos adultos em algum momento da vida, está entre as 10 primeiras causas de consultas a internistas e, em cada ano, de 5 a 10% dos trabalhadores se ausentam de suas atividades por mais de sete dias em razão dessa doença.

Na prática clínica, os pacientes com DLC são categorizados em três grupos:

 1) Associado a uma doença subjacente específica;

2) Com presença de componente neuropático, que é a DL associada à lesão ou doença do sistema nervoso somatossensitivo;

3) Inespecífica, que na maioria dos casos é de origem mecânica (Tabela 1);

Observa- se que no atendimento primário, não especializado, apenas 15% das dores lombares está relacionada a uma causa específica (trauma, infecção, inflamação, artrite reumatoide, tumor, hérnia discal, vasculopatia etc.), sendo que em 75% não se encontra uma causa orgânica evidente.

Diversos fatores têm sido associados à presença de DLC:

  • Idade maior que 30 anos,
  • Sexo masculino, tabagismo,
  • Alcoolismo,
  • Obesidade,
  • Postura inadequada,
  • Transtorno de humor,
  • Baixo nível social e de escolaridade,
  • Sedentarismo
  • Atividades laborais que exijam esforços com excesso de flexão, rotação, vibração do tronco e carregar peso.

A abordagem da DLC, todavia, pode ser difícil por conta da inexistência de uma fidedigna correlação entre os achados clínicos e os de imagem. O fato de o segmento lombar ser inervado por uma difusa e entrelaçada rede de nervos, nem sempre permite estabelecer, com exatidão, o local de procedência da DLC. Assim, a caracterização etiológica da dor lombar é um processo que exige uma abordagem propedêutica que inclua história clínica, exame físico e exames complementares.

Apesar de não haver uma causa definida nas lombalgias inespecíficas, o diagnóstico frequentemente está associado ao sistema musculoesquelético.

A dor pode ser decorrente:

1) Do processo degenerativo das pequenas articulações posteriores, provocando irritação das raízes lombares;

 2) Da acentuação da lordose por aumento da curvatura da coluna;

 3) Da fraqueza na musculatura abdominal que acarreta maior pressão nas articulações facetárias;

 4) Da assimetria das facetas articulares lombares.

A manifestação clínica consiste em dor na região lombar, de instalação súbita ou lenta que bloqueia os movimentos, determinando atitude de rigidez da coluna lombar.

A lombalgia de origem mecânica:

  • Pode ser causada por distúrbios em músculos, tendões e ligamentos
  • Geralmente pode ser atribuída a atividades como levantar pesos e permanecer na posição sentada ou em pé por tempo prolongado.
  • A dor é referida como em peso e piora no final do dia devido às atividades e aos esforços físicos.
  • Não há sinais neurológicos associados, e a tosse ou os espirros não exacerbam os sintomas.
  • O início é insidioso, e o paciente normalmente é sedentário, obeso, com fraqueza da musculatura posterior da coluna lombar e da abdominal, dos glúteos, havendo encurtamento dos músculos isquiotibiais.

A síndrome dolorosa miofascial:

  • Pode estar presente na grande maioria dos pacientes com lombalgia, seja como fator primário seja como um componente da contratura muscular decorrente do reflexo segmentar a dor.
  • O diagnóstico é realizado pela história clínica e o exame físico evidencia a presença de pontos-gatilho (PG) nos músculos comprometidos.
  • Os principais músculos acometidos são os abdominais, os glúteos, o piriforme, o quadrado lombar e o iliopsoas.
  • Apesar de os mecanismos da doença ainda não estarem totalmente esclarecidos, é possível que a plasticidade neuronal espinhal seja um fator chave que determina a hipersensibilidade dolorosa. Dessa forma, é importante a abordagem tanto dos fatores causais locais ou sistêmicos que facilitam a contratura muscular persistente, como as alterações induzidas no nível do sistema nervoso central pela dor e inflamação.
  • O PG miofascial ativo não tratados podem ser focos periféricos secundários de dor, capazes de iniciar, amplificar e perpetuar a sensibilização central e podem estar relacionados à presença de DLC.

A investigação da DL

Deve ser dirigida para determinar as principais causas da doença e a literatura sugere que os profissionais de saúde estejam atentos para as bandeiras vermelhas e amarelas, que são um conjunto de alertas para a investigação clínica e de fator prognóstico.

As bandeiras vermelhas indicam possível causa de maior morbidade, enquanto bandeiras amarelas sugerem risco de recorrência do problema ou de pior prognóstico de resposta ao tratamento, mesmo em se tratando de DL de origem mecânica.

Por outro lado, nem sempre bandeiras vermelhas (red flags), apesar da nomenclatura, indicam presença de doença grave. Enfatiza a necessidade de investigação para diferenciar uma causa mecânica ou não mecânica. A tabela2 sintetiza algumas possibilidades relacionadas aos dados de história clínica. Grande parte dessas situações deve ser referenciada a um ortopedista ou a um neurocirurgião, com exceção de DLC sem outros sinais de alarme, que deve ser encaminhada a uma equipe multidisciplinar.

As bandeiras amarelas (yellow flags) são sinais que podem indicar recorrência de DL além de déficit funcional e bem como ausências no trabalho. Ao contrário das bandeiras vermelhas que indicam riscos eminentemente físicos, as amarelas sugerem fatores de risco psicossociais. Também, podem salientar que algum aspecto da vida da pessoa interfere diretamente na dor e, por isso, necessita de uma investigação mais detalhada ou de uma intervenção mais focada. As bandeiras amarelas podem estar relacionadas a atitudes e crenças com relação à dor, a emoções e ao comportamento doloroso, a aspectos compensatórios, à família, ao trabalho, ao diagnóstico e ao tratamento (Tabela 3).

O componente neuropático da lombalgia crônica pode ser causado por estímulos nociceptivos relacionados a:

 1) Brotamentos nervosos dentro do disco vertebral degenerado;

2) Compressão mecânica de uma raiz nervosa;

 3) Liberação de mediadores inflamatórios pelo disco lesionado, porém sem comprometimento mecânico.

 

Referências Bibliográficas:

  • Refshauge KM, Maher CG. Low back pain investigations and prognosis: a review. Br J Sports Med. 2008;40(6):494-8.
  • Cohen S. Management of low back pain. BMJ. 2008;337:a2718.
  • Almeida D.C., Kraychete D.C. Dor lombar – uma abordagem diagnóstica. Rev. dor vol.18 no.2 São Paulo Apr./June 2017

 

 

Efeitos do sapato de salto alto no corpo

 

Perspectiva histórica

Historicamente, a primeira forma de salto alto como conhecemos começou durante o século XIV. Homens da nobreza começaram a colocar cunhas de madeira, chamadas de rolos, na sola de seus calçados para protegê-los da sujeira.

Com o passar do tempo, várias características tornaram os saltos altos distintos em comparação com outros sapatos usados ​​por mulheres. Em média, os sapatos têm uma elevação do salto de aproximadamente 1 a 2 cm; entretanto, os sapatos de salto alto podem ter uma altura de salto superior a 10 cm. Sapatos de salto alto também apresentam uma biqueira estreita, um calcanhar rígido que geralmente se projeta anteriormente e curvatura plantar excessiva no antepé . O uso desses calçados pode muitas vezes ter efeitos biomecânicos deletérios.

Forças de reação do solo

Força de reação do solo (GRF) é qualquer força de reação externa, especificamente uma aplicada pelo solo. A força de reação do solo é igual em magnitude e em direção oposta à força que o corpo exerce na superfície de apoio através do pé. Os GRFs podem ser representados pela 3ª lei do movimento de Newton, par de ação e reação.

Vários estudos observaram e relataram um aumento da pressão sob o antepé com um aumento na altura do salto em mulheres que usam sapatos de salto alto.

Atividade muscular

Na marcha de salto alto e em pé, muitos músculos localizados nas extremidades inferiores e nas costas são excessivamente trabalhados devido à flexão plantar do pé. Os músculos estão no pico de geração de força quando estão em repouso. Quando o comprimento do músculo aumenta ou diminui além do comprimento de repouso, a produção de força muscular diminui em forma de sino. Essa relação é observada em usuários de salto alto. Quando o calcanhar é levantado, como no caso de sapatos de salto alto, as fibras dos músculos que inervam os músculos ao longo da perna são encurtadas. Os músculos encurtados agora são inconsistentes com sua relação comprimento-tensão em repouso, resultando em menor produção de força. A posição exagerada de flexão plantar da articulação do tornozelo coloca o músculo tríceps sural em uma posição encurtada e, portanto, menos favorável em sua curva comprimento-tensão muscular. Nessas condições, a musculatura de flexão plantar encontra-se em uma posição menos vantajosa para geração de força e trabalho e, consequentemente, menor capacidade propulsiva.

Efeitos negativos do salto alto no corpo:

Quando uma mulher usa salto alto, seu corpo se desloca para a frente, afetando sua postura em pé. Os dedos dos pés são apontados diretamente para baixo. Mulheres que usam salto alto frequentemente enfrentam problemas ósseos e dores nas articulações. Nos estágios iniciais, pode fortalecer os músculos do tornozelo, mas posteriormente leva à instabilidade e ao enfraquecimento dos músculos. O uso de salto alto também causa artrite e osteoartrite.

O uso regular de salto alto tem efeitos nocivos para o corpo, como:

  • Afeta adversamente nosso pé:

Quando andamos de salto alto, nosso peso corporal ou pressão estará no antepé e leva a anormalidades no pé como joanetes, hálux valgo, dedos em martelo, neuroma de Morton e esporões ósseos. O uso a longo prazo causa dor nos pés e nos dedos dos pés, sola, arco ou calcanhar.

  • Causa dor na região lombar:

O salto alto aumenta o risco de dores nas costas, no pescoço e na parte inferior das costas. Como o salto alto não consegue distribuir o peso corporal de maneira uniforme, ele causa inflamação e dor na região lombar.

  • Efeitos prejudiciais nos joelhos:

O salto alto aumenta a pressão sobre os joelhos e leva a joelhos hiperextendidos. Causa dor nos ligamentos do joelho e na patela ao caminhar, subir escadas e correr.

  • Diminui a força do músculo da panturrilha:

O salto alto em longas caminhadas causa dores nos músculos da panturrilha e enfraquece os músculos da panturrilha nas mulheres em até 13%. Também leva ao tendão de Aquiles.

  • Leva ao desequilíbrio e quedas:

O uso de salto alto pode causar desequilíbrio e quedas. Cair com salto alto pode causar entorse do tornozelo e, às vezes, também pode causar fratura no tornozelo.

  • Causa fascite plantar:

A fascite plantar afeta o pé onde o ligamento se liga ao osso e também causa microrrupturas no ligamento e quebra do colágeno. A fascite plantar causa dor nos calcanhares e na planta dos pés.

 

  • Saltos altos levam a problemas de postura:

Os saltos altos colocam o corpo todo fora do alinhamento natural. A parte superior do corpo, ou seja, a cabeça e o peito, são empurrados para a frente à medida que a parte inferior do corpo se inclina para a frente devido aos saltos altos. Esta postura não natural impacta a curva lombar e aumenta a pressão na coluna e na planta do pé. Essa pressão na coluna e na curva lombar leva à ciática, que causa dor aguda, formigamento ou dormência na perna.

Se inscreva no nosso canal do Youtube:

” High Perfomance Fisio & Pilates “

3 Exercícios para amenizar os efeitos do sapato de salto alto:

 

Referencias bibliográficas:

Esenyel, M.,  Gitter, A.,  Walden, G.,  2001.  Altered Work Distribution in The lower Extremity While Walking in High Heeled shoes.  Journal of Biomechanics 29,  405-413.